Estrutura da dissertação: a introdução (será que é difícil?)

20 mar 2015 | Blog | 0 Comentários

Olá vestibulando!

Continuando a nossa série, hoje vamos começar a esmiuçar a estrutura da dissertação, que, para muitos alunos, parece mais um quebra-cabeça. Redundâncias à parte, começaremos pelo começo: a introdução. Falaremos um pouco da sua função e analisaremos alguns casos para que você possa compreender o que deve ter em uma boa introdução.

A introdução é a primeira parte do texto e tem como função introduzir o tema ao leitor, como o próprio nome diz. Nesta parte, você deve apresentar ao leitor não apenas o tema, que é dado pela proposta, mas principalmente qual será o seu recorte desse tema. Por exemplo, se tivermos uma proposta cujo tema é consumismo na infância, que recortes poderemos fazer para essa proposta? Alguns poderiam tratar o consumismo na infância como um reflexo do comportamento dos pais, outros poderiam enfocar a influência da publicidade sobre as crianças, outros ainda poderiam falar do esvaziamento das relações sociais e da valorização dos bens materiais. Perceba que o tema pode ser abordado de diferentes maneiras e você precisa explicitar ao leitor na introdução qual será o foco do seu texto. 

Bom, e como você faz isso? Por meio da contextualização e da tese, que devem sempre estar presentes da dissertação argumentativa. A contextualização é fundamental, pois você deve pensar que o seu leitor pode não conhecer o assunto sobre o qual você irá tratar e, por isso, é importante que você contextualize brevemente a questão. A partir dessa contextualização você deve propor uma questão sobre a qual irá refletir no texto (questão-problema) ou uma proposição sobre o tema que dê indícios sobre seu ponto de vista, a tese.

Vejamos dois bons exemplos de introdução:

“A sociedade vem ao longo do tempo marcando sua passagem pelo mundo, imprimindo sua identidade, identidade essa formada por crenças e valores. Passamos por diversas etapas e momentos históricos que influenciaram na forma como o mundo era visto e vivido. Citando exemplos não tão distantes, podemos dizer sobre a Idade Média e seu mundo cheio de dogmas religiosos, posteriormente a Idade Moderna com seus pensamentos revolucionários de liberdade, chegando ao momento atual, da famosa pós-modernidade. Mas e agora? E nós? Quais são os valores que estamos deixando para as gerações futuras? (Valor: duas faces. Disponível em: <http://www.fuvest.br/vest2013/bestred/119140.html>. Acesso em: 17 mar. 2015.)

Nesta proposta do vestibular 2013 da Fuvest, havia um anúncio publicitário de um cartão de crédito pedia-se que se interpretasse a mensagem desse anúncio como reveladora da mentalidade atual. Na introdução acima, percebemos que o enfoque do candidato foi uma reflexão sobre o que tem sido valorizado pela pós-modernidade. Ele contextualiza essa questão dizendo que cada época tem sua marca e traçando um percurso histórico da Idade Média até hoje, mostrando que cada época se caracteriza por determinados valores. Em seguida ele propõe uma questão-problema: o que a pós-modernidade valoriza? Veja que nessa introdução há contextualização e uma questão-problema que anuncia o que será discutido no texto. Vejamos mais um exemplo.

“Segundo Thomas Hobbes, é necessário estabelecer um contrato social em que o governo garanta a segurança do povo e iniba um convívio caótico. No entanto, o alcoolismo no Brasil é um dos fatores que impede a harmonia no trânsito e oferece riscos à vida humana. Dessa maneira, a “Lei Seca” surgiu como um mecanismo que corrige diversos hábitos incoerentes por parte de motoristas, mas que ainda sofre entraves que dificultam a realização de modificações mais profundas.” (Harmonia progressista. Disponível em: <http://imguol.com/c/noticias/2014/04/03/redacao-nota-1000-enem-2013-1396556225275_768x1260.jpg>. Acesso em: 17 mar. 2015.)

Nesta introdução também percebemos um bom trabalho de contextualização. Ela é iniciada com um pressuposto filosófico de um autor renomado, o que já dá autoridade e confiabilidade para o que será afirmado: a necessidade de haver um contrato para o bom convívio social. Em seguida, a aluna mostra que a associação de álcool e direção é algo que perturba a harmonia social e depois afirma que a Lei Seca vem para resolver este conflito. Essa é a contextualização. Em seguida, ela apresenta a tese: a Lei Seca tem a pretensão de resolver este conflito, mas tem limitações que dificultam a solução do problema.

Perceba que a introdução é o momento em que você apresenta ao leitor o caminho que ele irá percorrer na leitura do seu texto. A partir desta parte da estrutura da dissertação, ele pode criar uma expectativa sobre o que será abordado. Por isso é fundamental escrever uma boa introdução, pois com ela você já pode ganhar a “simpatia” do leitor, afinal, o objetivo da dissertação argumentativa é convencê-lo sobre seu ponto de vista.

Na próxima semana continuaremos nossa série abordando a próxima etapa: o desenvolvimento.

Bons estudos e até a próxima!

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