Para se sair bem na redação, atenção à estrutura sintática!

19 ago 2021 | Língua Portuguesa, Redação | 0 Comentários

Quando estudamos para o vestibular, com foco na prova de redação, sabemos que uma boa competência linguística é esperada. Por isso, estamos constantemente revendo conteúdos de Língua Portuguesa que costumam causar dúvidas, como o acento indicador de crase, as regras de pontuação, as normas de concordância, entre outros pontos.

Sobre esses conteúdos tão importantes nós falaremos em próximas publicações. Aqui, gostaríamos de chamar a atenção para um outro aspecto que também é avaliado nos exames e vestibulares: a estrutura sintática. 

Para relembrar: o que é mesmo sintaxe?

 

Sintaxe é a parte da gramática que estuda a organização dos termos em um período. Esse pode ser simples, quando há um só verbo.

 

Por exemplo: Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira. Também pode ser composto, quando há mais de um verbo. Por exemplo: Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos.

 

Observação: O exemplo foi retirado de uma redação nota 1000 no Exame Nacional do Ensino Médio 2020. Para ler a redação na íntegra, acesse: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/05/28/enem-leia-redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml.

Desse modo, o esperado de alguém que já concluiu o Ensino Médio é que seja capaz de construir períodos sintaticamente bem estruturados, o que quer dizer sem truncamentos que atrapalhem a estrutura e o entendimento da frase, sem justaposição de orações, sem excessos, duplicações ou ausências de palavras que prejudiquem o sentido.

Em períodos simples, constituídos, em geral, por sujeito, verbo e complemento (caso o verbo exija), problemas desse tipo não são muito recorrentes. Em períodos compostos (por coordenação ou subordinação), aí o problema aparece com mais frequência. 

É muito importante ter em mente uma coisa: tratando-se de língua portuguesa, a nossa língua de cada dia, nada é impossível de apreender ou aprimorar. Escrever períodos sintaticamente bem elaborados não é, assim, um bicho de sete cabeças. É super possível! Caso, em seus textos, apareçam problemas dessa ordem, preste atenção nas dicas abaixo.

Observação: Todos os exemplos abaixo acompanhados de asterisco (*) indicam sentenças inadequadas segundo a norma-padrão da língua portuguesa. Foram criadas apenas a título de explicação.

 

1. Exercício para você praticar

A título de treinamento, selecione uma redação anterior elaborada por você, foque em um parágrafo e circule os sujeitos, os verbos e os complementos das orações que compõem esse trecho do texto. Todas as orações de seu texto precisam ser completas, ou seja, não pode faltar uma parte que lhe comprometa o sentido.

Faça esse exercício com o exemplo que, agora, retomamos: “Nise da Silveira foi uma renomada psiquiatra brasileira que, indo contra a comunidade médica tradicional da sua época*”.

É possível dizer que a sentença está completa? Falta algo que lhe dê sentido, não é mesmo?

A ação apresentada no trecho sublinhado, expressa por um verbo no gerúndio – indo -, carece de continuidade. “[…] indo contra a comunidade médica tradicional da sua época, lutou a favor de um tratamento humanizado para pessoas com transtornos psicológicos”.

Se a sentença tivesse acabado em “da sua época”, teríamos um truncamento sintático.

 

2. Truncamentos sintáticos

Truncamentos sintáticos costumam ocorrer também quando, ao elaborar um período composto, corta-se o verbo da oração subordinada. Não é o verbo a condição para que haja uma oração? Como poderia haver uma oração subordinada sem verbo?

Veja um exemplo, a seguir: Outro aspecto importante é a quebra de preconceitos (oração principal), cujas consequências nocivas*.

O trecho sublinhado se configura uma oração subordinada adjetiva explicativa incompleta, ou seja, sem o verbo que lhe dê estatuto de oração.

Veja a sentença completa: Outro aspecto importante é a quebra de preconceitos, cujas consequências nocivas são vistas na vida dos doentes mentais.

Percebe o quanto essa última é completa em termos de estrutura e de sentido? 

 

3. Justaposição de orações

A justaposição de orações ou períodos ocorre quando se coloca uma vírgula, por exemplo, quando se deveria usar um ponto continuativo ou o contrário, quando se usa ponto em lugar de vírgula.

Exemplo: Nos últimos tempos, é muito comum pessoas julgarem as outras por seus problemas psíquicos, os doentes se sentem inferiores e incapazes*.

Aqui, ao invés da vírgula, deveria ter sido usado um ponto continuativo, já que o trecho iniciado por “Nos últimos tempos” e terminado por “problemas psíquicos” é um enunciado de sentido completo. A informação de que “os doentes se sentem inferiores e incapazes” é nova e estabelece com a primeira uma relação de consequência.

Por isso, o ideal seria uma construção do tipo: Nos últimos tempos, é muito comum pessoas julgarem as outras por seus problemas psíquicos. Consequentemente, os doentes se sentem inferiores e incapazes, o que os impede de buscar ajuda.

 

4. Excessos, ausências ou duplicações

Excessos, ausências ou duplicações de palavras também são causas comuns de falhas na estrutura sintática. Vejamos o exemplo que aponta excesso de palavras na sentença: As doenças psíquicas acometem jovens e adultos pelos os excessos de problemas comuns a essa faixa etária*.

O trecho grifado apresenta uma “sobra”, que é a presença duplicada do artigo “os”, já que “pelos” é formado pela contração da preposição “por” e do artigo “os” (por + os = pelos). A sentença estruturada de maneira adequada seria: As doenças psíquicas acometem jovens e adultos pelos excessos de problemas comuns a essa faixa etária.

Observemos, agora, um exemplo de ausência de palavra: Cada vez mais, o associado a doenças mentais prejudica a vida dos acometidos por essas patologias*. Provavelmente, o que se intencionou dizer era: Cada vez mais, o estigma associado a doenças mentais prejudica a vida dos acometidos por essas patologias. Faltou, portanto, uma palavra que desse sentido completo à sentença.

Analisemos, por fim, um exemplo de duplicação: Os estigmas associados às doenças mentais mentais precisam ser revistos*. Nessa frase, o termo “mentais” aparece duas vezes, configurando-se uma falha na estrutura sintática. O adequado seria: Os estigmas associados às doenças mentais precisam ser revistos.

Os dois últimos casos aqui apresentados seriam facilmente resolvidos com uma revisão final do texto, antes de entregar a versão definitiva. Por isso, reler a redação com atenção é muito importante.

 

E aí? Você identificou, na exposição acima, alguma dificuldade apresentada por você, em seus textos? Caso a resposta seja sim, releia as dicas aqui apresentadas, treine bastante e invista em um texto sintaticamente bem estruturado. Esse é o caminho de uma redação excelente!

Um abraço,
Profa. Milene

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