Uma reflexão sobre a proposta da Unesp 2017

20 dez 2016 | Blog, Redação | 1 Comentário

A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira? Esse foi o tema da redação da Unesp 2017. Tema relevante em tempos de crise, que obriga o aluno (isso mesmo: obriga!), no momento da tomada de posição acerca do assunto, a pensar sobre o funcionamento do capitalismo em nossa sociedade, das políticas liberais de mercado, sobre distribuição de renda e relação política-econômica entre os governos, empresários e população em geral. Vejam quantas questões fundamentais esse tema nos obriga a pensar!
Não publicamos ontem um comentário sobre essa proposta, porque, como apontado acima, ela nos remete a reflexões que devem ser feitas com cuidado, ainda mais em um comentário geral como este, que muitos candidatos irão ler para tirar as próprias conclusões de como foram na redação. Gostaria de dizer, já de início, que essas são as impressões e reflexões da nossa equipe sobre a prova. Caso você não tenha tocado em nenhuma das questões que apresentamos neste texto, fique calmo, pois esse é um assunto que suscita inúmeras discussões.
Bem, vamos comentar a proposta falando sobre uma parte extremamente importante, mas que muitos candidatos passam rapidamente por ela: a coletânea. Sim, a coletânea, neste prova, foi fundamental para dar base para o candidato responder a pergunta apresentada como tema, posicionando-se de forma negativa ou afirmativa. Tratando-se de um assunto complexo, era possível que muitos candidatos não dominassem o tema, por isso uma boa interpretação dos textos de apoio já ajudaria o candidato a desenvolver a redação com certa propriedade.
O primeiro excerto da coletânea traz um questionamento proposto por Thomas Piketty, economista francês, que coloca em oposição as ideias de Marx e Simon Kuznets. O primeiro teórico considerava, no século XIX, que o capital privado proporcionaria uma concentração de riqueza e poder nas mãos de alguns, o que provocaria problemas da distribuição de renda, acentuando a pobreza. Já o segundo acreditava que são justamente as forças, provindas do jogo do capitalismo, são a chave para diminuir a desigualdade econômica e social, porque levam à competitividade e ao progresso tecnológico. Vejam como esse excerto suscita ao debate. Há dois pontos de vista que se contrapõem e são essenciais para a construção do ponto de vista que o candidato adotará ao longo da discussão: o de Marx ou o de Kuznets.
Esse ponto de vista deveria ser sustentado com argumentos fortes sobre a compreensão da situação do sistema econômico atual. Como trata de um assunto complexo, o candidato poderia lançar mão dos excertos 2 e 3 da coletânea. Para sustentar um ponto de vista mais relacionado às ideias marxistas, o candidato poderia usar o texto 2. Nele, Bauman busca desnaturalizar o argumento comum, que circula na economia capitalista, de que para que um país saia da pobreza é necessário ajudar os ricos a ficar mais ricos. Em sua reflexão, o sociólogo, apresenta dados provindos de pesquisas realizadas pela ONU para mostrar que a ideia de que é necessário proporcionar meios de os ricos ficarem mais ricos para combater a desigualdade é falho, já que os 10% mais ricos do mundo possuíam 85% das riquezas globais. No excerto, o sociólogo nos convida a pensar nas perdas diretas e nas consequências desse modo de pensar a economia. O candidato poderia usar exemplos vistos em nosso país, como as inúmeras favelas no Rio de Janeiro que têm como vizinhos condomínios riquíssimos ou a própria industrialização na época da Ditatura Militar, que produziu um crescimento econômico para o Brasil, mas, ao mesmo tempo, aumentou a desigualdade social.
Para os candidatos que compartilham com a ideia de Kuznets, o excerto 3 se mostrou um interessante aliado. Schwartsman aponta que é um equívoco considerar a propriedade privada e a concentração de riquezas como os grandes males da nossa sociedade. Para ele, é importante considerar que justamente a busca por melhores processos produtivos proporcionou uma melhoria de vida das pessoas, no que diz respeito ao acesso aos bens materiais. Schwartsman, aliás, mostra-nos que o capitalismo, apesar de ter uma perspectiva elitista, também tem outra democrática ao facilitar, justamente, o acesso aos bens materiais a uma maior parcela da população, com base no aprimoramento dos processos de produção, que possibilitam a diminuição dos custos. Para sustentar essa tese, os candidatos poderia mostrar a facilidade que classes consideradas C e D têm em adquirir itens tecnológicos, como celulares e televisão, por exemplo.
Após esse percurso pelos textos da coletânea, pudemos ver algumas perspectivas possíveis para tratar um tema que toca essencialmente sobre concentração de riquezas e desigualdade social. Há outros exemplos, outras formas de discutir a questão e sustentar o seu ponto de vista sobre o assunto. Apresentamos aqui apenas algumas possibilidades, tendo em mente as duas possiblidades de resposta: mostrar que o acúmulo de riquezas gera mais desigualdade econômica ou não.
Espero que tenhamos contribuído para uma melhor compreensão do tema. Caso desejarem, postem em nossa página do facebook resumo do que escreveram sobre esse tema! Isso suscitará mais discussões sobre essa questão tão importante de ser debatida!
 
Agradecemos à banca elaboradora da Unesp por trazer esse tema para o debate!
 
Equipe EscreverOnline

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1 Comentário

  1. Luísa Oliveira Reis

    Obrigada pela oportunidade e incentivo

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