Olá, vestibulando!
O vestibular da Unicamp 2011 trouxe em sua prova de português da segunda fase uma questão bastante interessante que chamava atenção para um uso da palavra mesmo que tem sido bastante frequente, mas que, de acordo com a gramática, está errado. A questão trazia a imagem de uma comunidade do Orkut chamada “Eu tenho medo do Mesmo”, criada a partir de um aviso bastante encontrado nos elevadores “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar” (Veja a questão aqui: http://www.comvest.unicamp.br/vest2011/F2/provas/portmat.pdf).
Você consegue perceber qual é o problema da palavra mesmo no aviso do elevador e como os participantes da comunidade o interpretaram? Se olharmos para o aviso, veremos que o mesmo está retomando a palavra elevador “Antes de entrar no elevador, verifique se o elevador encontra-se parado neste andar”. Porém, como você já deve saber, não é elegante, e chega a ser cansativo, o uso da mesma palavra em contextos muito próximos, por isso a língua dispõe dos pronomes, que servem justamente para retomar nomes, evitando, assim, a repetição.
Acontece que a palavra mesmo não tem a função de retomar um nome, o que torna esse tipo de frase bastante esquisita e errada, de acordo com a gramática. Porém, você deve ter percebido que seu uso é bastante popular. Você sabe por quê? Este aviso que aparece nos elevadores é um aviso obrigatório, ou seja, a lei determina que todo elevador tenha este aviso, com essa frase. Assim, quando a lei foi escrita, talvez por uma tentativa de rebuscamento excessivo, o erro foi cometido e se propagou para outros contextos. Alguém percebeu a gafe e interpretou que “o mesmo” seria uma pessoa, já que aqui tem estrutura de nome, equivalente a “o Carlos”, por exemplo.
É importante dizermos que hoje esse uso é errado de acordo com a gramática, porém, como a língua muda com o tempo e as mudanças sociais, pode ser que um dia ele seja aceito pela norma e deixe de ser estranho à nossa própria gramática. Para mim, ainda é bastante estranho e sempre doem os meus olhinhos quando vejo esse bendito mesmo nas redações dos alunos, mas espanta o quanto ele tem sido cada vez mais utilizado.
Ainda assim, é importante que você tenha em mente que os vestibulares cobram o conhecimento da gramática na escrita do seu texto, logo, você deve evitar esse uso, pois ele pode prejudicá-lo. No caso que discuti aqui é possível simplesmente trocar o mesmo pelo pronome ele, no entanto, tenho visto casos em que essa substituição não é possível e a frase fica bastante confusa.
Você pode estar pensando: Bom, mas se a palavra mesmo está sendo usada incorretamente nessa frase, qual seria então sua função? Este é um papo para outro post, pois mesmo tem várias funções na língua. Conto para vocês na próxima semana!
Bons estudos e tomem cuidado com o Mesmo, hein?
Profa. Danusa
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